quarta-feira, 3 de julho de 2013

Uma casa aberta a todos, D. Manuel Clemente

«Foi a partir de Torres Vedras, e de um agrupamento que se fundou no Seminário de Penafirme, que começámos a fazer proliferar iniciativas escutistas desde Alcobaça até Mafra. Hoje são quase meia centena de agrupamentos por onde, em meio século, passaram milhares de homens e mulheres que foram marcados – alguns muito bem marcados – por essa espiritualidade do escutismo, que costumo chamar «A Igreja acampada». (...)
A minha espiritualidade é também a de uma Igreja acampada e com a tenda itinerante.
Do que aconteceu entre a adolescência e a juventude, absolutamente normais para qualquer jovem estudante dos anos 60 que fosse católico e que andasse ligado à paróquia, ao escutismo, à Acção Católica, etc., o que acabou por ir prevalecendo foi a concentração num tipo de actividades que tem a ver com a Igreja, com fé, com conversas de assuntos religiosos. E foi isso que, depois do curso universitário, me levou ao seminário. Porque também não tinha disponibilidade interior para outro tipo de vida.
Significativamente e desde muito cedo, a dimensão histórica das coisas esteve presente. Nasci numa família com alguns parentes idosos, onde se contavam episódios pessoais que entroncavam na história nacional, desde meados do século XIX. E, em geral, as conversas precediam o presente com alusões mais antigas.
Creio que este foi um factor determinante, para que o sentido do tempo e do devir se tornasse medular no meu modo pessoal de ser e de sentir.»

In:Uma casa aberta a todos, D. Manuel Clemente

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